Feriado lembra a adesão do Pará à Independência do Brasil
Em 1823, o Pará
era a única província que não fazia parte do país e as ameaças eram fortes para
mudar essa situação.
O feriado estadual desta terça-feira (15) lembra
uma data importante: o dia da Adesão do Pará à Independência do Brasil.
Historiadores contam como se deu esse fato marcante na história do Estado.
Em 1823, o Pará era a única
província que não fazia parte do país e as ameaças eram fortes para mudar essa
situação.
“O Brasil se torna independente no
dia 7 de setembro e a Província do Grão Pará não aceita fazer parte do Brasil,
fiel a Portugal. Um ano depois, nós vamos aceitar, nós vamos aderir ao Brasil.
Porém, essa adesão não foi tão simples. Dom Pedro I, Imperador do Brasil, envia
pra cá pro Pará um comandante de fragata inglês, John Grenfill, que havia sido
contratado para formar a nossa Marinha. E ele veio com a missão de incorporar o
Pará ao Brasil, custe o que custar. Chegou aqui e fez isso de maneira
dramática”, conta o historiador Jean Ribeiro.
Na época, a sede da colônia
portuguesa era no Palácio Lauro Sodré, no bairro da Cidade Velha. Foi no local
que, no dia 15 de agosto de 1823, o documento de adesão do Pará foi assinado.
Segundo historiadores, parte da
população paraense se revoltou. Três meses depois da assinatura do documento,
houve uma manifestação onde atualmente é a Praça Frei Caetano Brandão. O que
eles queriam eram direitos iguais aos dos portugueses que viviam no Pará.
O cônego Batista Campos era um dos
líderes desse movimento e conseguiu escapar da morte. Mas, um grupo de
paraenses não teve a mesma sorte do cônego.
A Baía do Guajará foi palco de um
massacre: 256 manifestantes foram colocados dentro do porão de um navio e
morreram asfixiados. A embarcação ficou conhecida como Brigue Palhaço.
“O nome do navio é Brigue São José
Diligente, em função do que aconteceu, da forma como eles foram mortos, em
função inclusive da utilização de cal na morte dos homens, isso ganhou
notoriedade e entrou para os anais da história dessa forma. A fisionomia dos
paraenses que estavam mortos ali no porão, asfixiados, com os lábios e os olhos
arroxeados e o rosto esbranquiçado lembravam palhaços”, detalha Jean.
“As camadas populares tinham uma
expectativa de que a independência representasse mudanças radicais, de fato, na
estrutura econômica, política e social do Brasil. Só que a independência, vamos
tomar o exemplo do Pará: a adesão manteve o mesmo grupo que estava no poder
antes, constituindo a maioria de portugueses, então os portugueses continuavam
no poder. A escravidão foi mantida, não só no Pará, mas no Brasil inteiro. E
essa frustração se tornou ressentimento que foi sendo remoído”, explica o
historiador José Alves de Sousa Junior.
Por
G1 PA, Belém
Nenhum comentário:
Postar um comentário